Arquivo mensal: setembro 2012

Exposição e Gincana sobre Marechal Rondon


 Através da nossa parceira do Bairro Educador, a gestora Carmem Costa, recebemos em nossa escola a exposição “Rondon: a construção do Brasil e a causa indígena”, organizada pela Fundação Banco do Brasil, em 2009, e que está itinerante pelo Brasil, desde a sua montagem.

Em nossa escola, foram montados alguns painéis a partir dos quais os alunos de6º a 9º ano, dos turnos da manhã e da tarde, puderam conhecer um pouco da trajetória do Marechal Cândido Rondon, importante vulto para a história do Brasil tendo em vista as expedições que liderou no centro-oeste e norte do país, para abertura de estradas, mapeamento de fronteiras e contato com diversas comunidades indígenas.

Embora controversas, a partir de Rondon, o Brasil conheceu diferentes políticas indigenistas, como a criação do Serviço de Proteção ao Índio (anterior a Funai) e a criação da reserva do Xingu.

A exposição terá, na próxima semana, desdobramento em uma Gincana organizada pela equipe de História, da escola. Participarão, dia 20 de setembro, do “Quiz” as turmas de segundo segmento dos dois turnos. Desejamos boa sorte para todos e que se dediquem aos estudos, pois a concorrência será grande!

Para ajudá-los na preparação, acessem o site do Projeto Memória aqui. Nesse site, vocês poderão ler mais informações sobre a vida do Marechal Rondon e sobre as expedições pelo país. O site conta ainda com um livro fotobiográfico e um almanaque histórico. Para quem se interessar, acessem a um vídeo sobre a expedição Rondon-Roosevelt aqui.

Prof. Renata.

Mito e Cosmologia


As cosmologias indígenas representam modelos complexos que expressam suas concepções a respeito da origem do Universo e de todas as coisas que existem no mundo. Os mitos, considerados individualmente, descrevem a origem do homem, das relações ecológicas entre animais, plantas e outros elementos da natureza, da origem da agricultura, da metamorfose de seres humanos em animais, da razão de ser de certas relações sociais culturalmente importantes, etc.
Para muitas sociedades indígenas, o cosmos está ordenado em diversas camadas, onde se encontram divindades, fenômenos atmosféricos e geográficos, animais e plantas, montanhas, rios, espíritos de pessoas e animais, ancestrais humanos, entes sobrenaturais benévolos e malévolos.
Cada uma das diversas sociedades indígenas elabora suas próprias explicações a respeito do mundo, dos fenômenos da natureza, dos espíritos, dos seres sobrenaturais e, também, do momento em que surgiram os seus ancestrais. Para exemplificar, apresentamos, resumidamente, o mito de origem dos índios Arara, grupo de língua Karib.
Para eles, quando essa vida ainda não havia começado, existiam somente o céu e a água. Separando-os, uma pequena casca que recobria o céu e servia de assoalho a seus habitantes. Na casca do céu a vida era plena, pois havia de tudo para todos.
A boa humanidade, protegida pela divindade Akuanduba, vivia conforme as coisas básicas da vida: acordar, comer, beber, namorar, dormir. Se alguém cometesse algum excesso, contrariando as normas, a divindade fazia soar uma pequena flauta, chamando a atenção de todos para que se comportassem de acordo com a boa ordem. Fora da casca do céu, existiam coisas ruins, seres atrozes e espíritos maléficos, contra os quais a boa humanidade estava protegida por Akuanduba.
Houve um dia, no entanto, que ocorreu uma grande briga da qual participou muita gente. A divindade fez soar a flauta, mas a multidão teimosa não quis parar de brigar. Nessa confusão, a casca do céu se rompeu, lançando tudo e todos para longe, para dentro da água que envolvia a casca.
Com a queda, todos perderam e todos os velhos e crianças morreram, restando apenas uns poucos homens e mulheres. Dos sobreviventes, alguns foram levados de volta ao céu por pássaros amazônicos, onde se transformaram em estrelas. Os que ficaram foram abandonados pelos pássaros nos pedaços da casca do céu que caíram sobre as águas. Assim, surgiram os Araras que, para se manter afastados das águas, escolheram ocupar o interior da floresta.
Até hoje, os Arara, habitantes do vale dos rios Iriri-Xingu, no Estado do Pará, assobiam chamando as araras quando as vêem voando em bandos por sobre a floresta. Quando pousam no alto das árvores, as araras, por sua vez, observam os índios e, ao notarem o quanto eles cresceram, desistem de levá-los de volta ao céu. Aqui já foram deixados outras vezes e aqui deverão permanecer.
Os Arara, que antes viviam como estrelas, estão agora condenados a viver como gente, tendo que perseguir o alimento de cada dia em meio aos perigos que existem sobre o chão.
Bibliografia
Ramos, Alcida Rita. Sociedades Indígenas. Ática, 1986
Teixeira-Pinto, Márnio. Ieipari – Sacrifício e Vida Social Entre Os Índios Arara. Editora UFPR, 1997.

FONTE: Museu do Índio

Mito de Origem


O mito de origem que vocês lerão agora é contado pelo povo indígena Jarawara, do Amazonas. Os Jarawara pertencem aos povos indígenas pouco conhecidos da região dos rios Juruá e Purus. Eles falam uma língua da família Arawá e habitam apenas a Terra Indígena Jarawara/Jamamadi/Kanamanti, que é constantemente invadida por pescadores e madeireiros. Para conhecê-los melhor, clique aqui.

Os Juma, inimigos míticos dos Jarawara, invadiram inesperadamente a aldeia e mataram todos para comer, pois eram canibais. Apenas uma jovem escapou e para não ser pega, colocou o seu sangue menstrual em uma flecha e em sua axila, e fingiu-se de morta. Um homem Juma, passando, reparou na beleza da menina e pensou consigo mesmo que se ela não estivesse morta, a levaria para ser sua esposa. Ele então percebeu que tinha esquecido a sua faca (feita de taboca) e gritou para um de seus companheiros trazê-la, o que ele não fez, pois estava muito ocupado cortando e carregando as inúmeras vítimas. Para verificar se a menina tinha realmente falecido, o Juma a bateu com um pau, escutou suas batidas cardíacas e colocou um pedaço de capim em suas narinas. A jovem não reagiu em nenhum momento.

 

Convencido, ele a cobriu de paus e foi buscar sua faca. Assim que ela ouviu os passos dele ao longe, jogou no mato os paus podres que a cobriam, saiu correndo e se escondeu dentro do buraco de um pássaro, em uma árvore. Ao retornar, o Juma foi incapaz de achá-la, e depois de um longo tempo a sua procura, resolveu ir embora. A jovem então saiu do buraco e foi andando pela floresta, onde encontrou dois animais mortos e forrados no pé de uma árvore, que ela então subiu. Um homem chegou carregando diversos macacos mortos, pois ele havia saído para caçar antes do massacre. Ela gritou lá de cima da árvore para chamar sua atenção, mas ele não quis olhar. Ela contou que os Juma tinham matado todo mundo, e só tinham sobrado eles dois.

 

Descendo da árvore, a jovem falou para o homem ir buscar a linha de algodão que ela havia tecido e a farinha branca (iawa) que estavam sobre sua rede. Chegando na aldeia, ele pegou a linha e a farinha e já de saída gritou: “tem alguém ai?”. Um Juma respondeu: “está faltando um”. Ele saiu correndo até onde estava a jovem e os dois continuaram andando na floresta. Ela fez duas redes com os fios de algodão e depois prepararam o jantar. A jovem casou-se com o homem e ambos ficaram morando escondidos dos Juma. Tiveram vários filhos, e quando estes cresceram, o pai explicou-lhes que eles deveriam se casar com suas próprias irmãs, o que eles fizeram. Todos tiveram muitos filhos e seu povo cresceu novamente.

Criacionismo e evolucionismo


Além dos cientistas, preocupados em responder questões relacionadas à origem dos seres humanos e do universo, povos de muitos lugares e épocas diferentes também se preocupavam em ter respostas. Assim, as primeiras explicações que surgiram foram os mitos. Mas o que são mitos?

Os mitos são narrativas que misturam personagens reais e imaginários, atribuem grande importância às forças da natureza e aos acontecimentos extraordinários. Muitas dessas histórias chegaram até nossos dias porque foram transmitidas oralmente, de geração a geração.

Se pararmos um tempinho para procurarmos no google, acharemos uma infinidade de mitos de criação. Eles variam conforme a cultura, a época. Na cultura ocidental, cristã, o mito de criação consolidado está descrito no livro canônico de gênesis.

Segundo o livro, Deus teria criado o mundo em 6 dias e descansado no sétimo. Antes, contudo, havia criado o homem e a mulher de terra moldada, Adão e Eva, cujas responsabilidades seriam de cuidar do Jardim do Éden. O livro de Gênesis relata o passo a passo da criação do mundo por Deus. (Ver a história aqui)

“No princípio criou Deus os céus e a terra.
E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas.
E disse Deus: Haja luz; e houve luz.
E viu Deus que era boa a luz; e fez Deus separação entre a luz e as trevas.
E Deus chamou à luz Dia; e às trevas chamou Noite. E foi a tarde e a manhã, o dia primeiro “
Gênesis 1:1-5 

Daí, surgem as discussões e debates acalorados. Muitos não aceitam a explicação religiosa e outros não aceitam as explicações científicas. Cada lado tentando desqualificar o outro. O que, na minha opinião, é infrutífero.

Podemos conviver com as diferentes teorias desde que, sem preconceito, tentemos compreender as visões de mundo que estão por trás de cada uma. Quem acredita na teoria criacionista não precisa abrir mão de sua fé, mas deve buscar conhecer a origem das histórias narradas por seus líderes religiosos. Certamente, irá descobrir que muitas delas, embora tratadas como “história real”, foram criadas para educar um povo, transmitir valores em uma época e um povo específico. Fato é que essas histórias chegaram até nós e cabe a todos nós procurar entender como foram elaboradas.

A origem do ser humano


Em posts anteriores, e em nossas aulas, conversamos sobre este assunto importante e polêmico. Temos estudado e lido textos que apontam para as explicações científicas sobre a origem do ser humano. E quando tratamos deste assunto sempre apontamos para a teoria da evolução, elaborada pelo inglês Charles Darwin, no século XIX.

Charles Darwin, cientista naturalista, em 1831, iniciou uma viagem científica de quase 5 anos, no navio HMS Beagle, que o conduziu a várias partes do mundo, e possibilitou coletar informações sobre a fauna, a flora e aspectos geológicos dos locais visitados. Estudou pássaros, peixes, tartarugas, plantas e fósseis reunindo dados para desenvolver suas pesquisas.

Após muitos anos de trabalho, analisando os dados coletados e objetos trazidos de suas viagens, Charles Darwin concluiu que, ao longo do tempo, as espécies podem se transformar de maneira a melhor se adaptar às mudanças do meio ambiente e terem mais chances de sobreviver. O lento processo de transformações dá origem a novas espécies.

Em 1859, publicou  o livro ” A origem das espécies por meio da seleção natural”, gerando grande debate público pelas ideias que continha. Na realidade, Darwin concluiu que há muitas semelhanças biológicas entre homens e macacos sugerindo a existência de antepassado comum. Mas como ele seria?! Até hoje a ciência não tem uma resposta definitiva para essa pergunta. A esse antepassado comum, chama de elo perdido.

Como podemos ver, a caricatura acima ( publicada na revista Hornet) retrata Darwin como um macaco. Ela revela o teor das críticas feitas à teoria proposta por Darwin, que colocava em questão as crenças de homens e mulheres da época, especialmente àquelas ligadas à criação divina. De modo prático, Darwin aproxima os seres humanos dos outros animais, retirando os seres humanos de um suposto local privilegiado.  Embora controversa, a teoria de Darwin nos ajuda a pensar sobre nossa origem, e ainda hoje mantém acesas as discussões e pesquisas sobre este tema.